O Ritual Emulação, parte do Rito Inglês Moderno, é praticado em todo o mundo pelas Lojas Maçônicas que seguem a tendência da maçonaria inglesa. Devido à sua funcionalidade e objetividade, nós da Loja Maçônica Cavaleiros Templários optamos por adotá-lo como ritual de trabalho.
 
O Rito Inglês Moderno, que deu origem ao nosso ritual, surgiu na Inglaterra em 1813, por ocasião da fusão entre a Grande Loja de Londres, conhecida como loja dos modernos, e a Grande Loja da Inglaterra, conhecida como loja dos antigos. Tanto os antigos como os modernos adotaram rituais fortemente vinculados à maçonaria operativa. O Rito Inglês Moderno conserva basicamente o conteúdo original da maçonaria operativa, tendo sofrido apenas algumas adaptações que se fizeram necessárias quando da fundação da maçonaria especulativa. Como era de se esperar, tanto o Rito Inglês Antigo como o Moderno guardam entre si muitas semelhanças, mas são ritos distintos.
 
Como já dito anteriormente, o Ritual Emulação é parte do Rito Inglês Moderno, que se constitui de vários rituais, tais como: o Stability, o Taylor, o Bristol, o Logic, o EMULAÇÃO, o Oxomensis, o Oxford, o West End, o Sussex e o Nigerian.
Com o propósito de promover a reconciliação entre as duas Grandes Lojas rivais, os Modernos tomaram a iniciativa de fundar, em 1809, a Loja Promulgação. O objetivo seria “estudar os Landmarques e as práticas esotéricas para recomendar as mudanças que deveriam ser feitas no sentido de trazer os rituais a uma forma” que pudesse ser bem aceita pelas duas partes. Esta iniciativa foi seguida pelos Antigos, que também criaram uma Loja similar.
 
Visando preparar as duas Grandes Lojas para a fusão, foi criada, em 07/12/1813, a Loja da Reconciliação. Coube a esta Loja terminar os trabalhos de harmonização dos rituais e apresentá-los para as Lojas de Londres e arredores. É interessante ressaltar que o trabalho de harmonização dos rituais foi feito oralmente, respeitando-se a proibição de nada escrever, de modo a proteger o “segredo maçônico”. Finalmente, em junho de 1816, o Ritual Emulação foi aprovado e confirmado pela Grande Loja Unida da Inglaterra.

Para a manutenção de sua fidelidade às Antigas Tradições, desde 1823 funciona a Loja de Aperfeiçoamento, constituída somente de mestres maçons (Emulation Lodge of Improvement for Master Masons). Como o próprio nome indica, o objetivo é fornecer instruções, especialmente para os irmãos que entram na cadeia de sucessão e desejam ocupar o cargo de Mestre da Loja. Essa Loja “se reúne no Freemasons’ Hall [Palácio Maçônico], na Great Queen Street [Rua da Grande Rainha] em Londres, semanalmente às 18 horas e 15 minutos das sextas-feiras de outubro a junho, onde demonstra as Cerimônias e Preleções de acordo com o Trabalho Emulação”.
 
No Brasil, às vezes ocorre de o Ritual Emulação ser chamado de Rito de York. Tal confusão se deve ao fato de que, em 1883, o Grande Oriente dos Beneditinos , que havia nascido de uma cisão com o GOB, retornou à sua Potência de origem e levou as Lojas Washington e Lessing. As Lojas do Grande Oriente Beneditino trabalhavam sob o Rito Inglês Antigo, com licença da Grande Loja de Wisconsin. Parece que foi nesta época que ocorreu o erro. Ao se estabelecer o reconhecimento do GOB pela Grande Loja Unida da Inglaterra, foi criado o GRAND COUNCIL OF CRAFT MASONRY IN BRAZIL. Conforme se observa, a tradução correta seria GRANDE CONSELHO DA MAÇONARIA SIMBÓLICA DO BRASIL(1). Entretanto, os tradutores do GOB optaram por chamá-lo de GRANDE CAPÍTULO DO RITO DE YORK. Eis a causa da GRANDE CONFUSÃO. Estava entrando oficialmente no Brasil o Rito Inglês Moderno, apelidado de Antigo, ou de York. 
 
Posteriormente outros equívocos foram cometidos. Em 1976, um irmão da “Campos Salles Lodge”, agindo na melhor das intenções, decidiu atualizar o Ritual traduzido em 1920 pelo irmão Joseph Thomaz Wilson Sadler, da “Loja Unity” de São Paulo. O ritual, que havia sido traduzido como “CERIMÔNIAS EXACTAS DA ARTE MAÇÔNICA”, foi atualizado pelo irmão Joseph como Rito de York, com as seguintes inserções: Cerimônias Exactas (Emulação) Aprendiz, Companheiro e Mestre. Este é o Ritual Emulação que utilizamos hoje no Brasil.

O termo "emular" significa "seguir o exemplo, imitar". "Emulação", do latim “emulatione” , como diz Fabio Mendes Paulino, "é um substantivo feminino que dentre as várias acepções temos como um sentimento que incita alguém a igualar ou superar outrem". A ideia, portanto, é fazer com que as cerimônias maçônicas praticadas segundo o Emulação sejam exatamente como eram, quando praticadas pelos os antigos maçons ingleses.
 
É também importante destacar que o Emulação não é um Rito, e sim um Ritual. Distinguindo um do outro, diríamos que RITO é o cerimonial que se utiliza para a realização de um culto. É definido ainda como um costume, ou um conjunto de normas e práticas, adotado com determinada regularidade. Alguns autores designam o rito como uma coletânea de rituais. Por exemplo, o Rito de York é hierarquicamente composto de quatro corpos devidamente separados uns dos outros, ou seja: Graus Simbólicos (Aprendiz Companheiro e Mestre), Graus Capitulares, Graus Crípticos e Ordens de Cavalaria. Em síntese, RITUAL é parte de um rito, é o livro que contém “a ordem e a forma de uma determinada cerimônia e das dramatizações e representações ritualísticas, ou seja, é um conjunto de normas e/ou regras estabelecidas para a liturgia das cerimônias maçônicas.”
 
O Emulação é um dos mais antigos rituais de trabalho utilizados pelas Lojas Maçônicas, pois, tem raízes na maçonaria operativa que funcionava na Cidade inglesa de York, antes de 1717, data em que foi fundada a maçonaria especulativa. Para se ter uma ideia, ele serviu de referência para quase todos os Ritos existentes no mundo e “ foi a base principal do Rito Brasileiro.” (2)

 

Pela qualidade e especificidade de suas dramatizações, o Emulação consegue se desvincular das religiões sem deixar de ser religioso. Para atender a este objetivo, não faz uso de palavras que são, de certa forma, comuns em outros ritos, tais como: Altar, Templo, Oriente, Ocidente, etc. Além disso, privilegia também o diálogo nas reuniões, uma vez que permite, através dos TRÊS LEVANTAMENTOS, a oportunidade de réplica e tréplica.
 
Às vezes, mistura-se o Emulação com o Rito Escocês Antigo e Aceito, o qual é muito praticado no Brasil, porém, são várias as diferenças entre eles. No Emulação, por exemplo, não há: câmara das reflexões; sessões especiais (todas são regulares); espadas dentro da Loja (somente o Guarda Externo usa espada); bolsa de propostas e informações; cálice da amargura; espada flamejante; prova dos elementos; diferença de nível entre oriente (leste no emulação) e ocidente (oeste no emulação); separação física entre o oriente e o ocidente; corda dos 81 nós; as três cerimônias dos graus simbólicos são chamadas de Iniciação, Passagem e Elevação; o esquadramento da Loja é obrigatório somente nas cerimônias anteriormente mencionadas; outras.

 

Elias Mansur Neto

 


FONTES DE CONSULTA:
1- GUILHERME, JOÃO. Cada Coisa Tem seu Nome. Como o Rito de York ganhou outro nome no Brasil. Rio de Janeiro, 2010.
2- PAULINO, FABIO MENDES. Ritual Emulação. A Maçonaria Inglesa no Brasil. Sorocaba, SP. Edição do Autor. 1ª Edição. Ano 2010.
3- WIKIPEDIA. Rito de York. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Rito_de_York#O_rito_de_York_no_Brasil>
4- LOJA LUZ DO HORIZONTE – Rito de York /Ritual de Emulação. Disponível em: <http://www.masonic.com.br/avental/yo00.htm>
5- OLIYNIK, ANATOLI. Rito de York (Emulation Rite). Disponível em: <http://www.mason.kit.net/ritos/deyork1.htm>
6- RITUAL, 1º Grau – Aprendiz Maçom. Cerimônias Aprovadas do Rito de York (Ritual de Emulação Praticado no GOB). Ano 2009.
7- EMULATION RITUAL. Publicado pela Editora Lewis Masonic em 2007, com a permissão da Emulation Lodge of Improvement.